29 maio 2006

Imagem que fala!



Confesso: peguei essa foto lá do blog do Sergio Faria, o Catarro Verde. Cabe muito bem aqui aquela máxima de que certas imagens valem mais que mil palavras.

23 maio 2006

Destaquei da crônica "Coisas que importam" (O Globo, 21/05/2006):

"Solidão não é ausência de nada, é só a presença intensa de nós mesmos".
Martha Medeiros

21 maio 2006

V de Vingança

Fazia um tempo que um filme não me impressionava tanto. Tudo bem que eu tenho visto mais filmes em casa, na telinha de 29 da TV que, apesar de suas boas polegadas, não chega perto do efeito audiovisual de uma sala de cinema. Realmente há uma perda direta e também subjetiva da telona pra telinha; do som um-monte-de-nome sound pros alto-falantes da televisão. Se assistir ao filme numa sala de cinema contribuiu pra esse meu deslumbramento, pouco importa. O fato é que babei com a história. Tudo muito bem feito e envolvente.

Trata-se de um terrorista com fins justiceiros e que nada tem a ver com aquela imagem pré-formada que nós temos (ou pelo menos eu tenho) de um indivíduo fanático, com cara de mentecapto e comportamento esquisito. O Vingador ou Vendetta ou simplesmente V, aqui, é um lorde. Mesmo sem mostrar o rosto um instantinho sequer, ele tem ares de um fidalgo, é elegante, culto, educadíssimo, romântico e charmoso à beça. Não sei se é aquele sotaque britânico ou o corpo esguio ou se foi o gestual comedido e preciso do camarada... sei lá, confesso que fiquei de queixo caído. Aliados ao personagem e à interpretação do ator, claro, vêm a montagem, o ritmo, a atuação da Natalie Portman (faz a Evey, que deliciosamente tem “v” no nome), o cenário (a casa do V é repleta de obras de arte "confiscadas") e a trilha sonora do filme (a Abertura 1812, de Tchaikovsky, arrepia!): impecáveis. Em momento algum há inércia, porque a seqüência dos acontecimentos está bem cronometrada e a duração rende dentro de um tempo certo.

Soube que o filme é baseado em uma história em quadrinhos da década de 80. Creio que a adaptação tenha sido bem feita. O drama se desenrola numa Inglaterra futurista e sob um regime fascista. Existe muita podridão por trás da autoridade desse governo totalitário e as falcatruas vão vindo à tona aos poucos, sem deixar os pobres mortais dos espectadores aturdidos. O povo oprimido ganha força pelo conhecimento dos fatos e o grande barato do filme é a arte de transformar essa passagem social e política num acontecimento espetaculoso. Sendo o atentado ao parlamento e o próprio protagonista inspirações e ilustrações da “Conspiração da Pólvora”, lá do século XVII, dá pra ter uma idéia da inserção pirotécnica no contexto da coisa.

Sem mais delonga: imperdível o filme. Quanto ao deslumbramento... Bem, aí é outra história. E que vai depender, lógico, da forma de concepção e do momento de cada um.