(Mamãe, hoje, no café da manhã:)
- Posso colocar uma fatia inteira de presunto em cima do seu biscoito? Ou é muito?
(Eu, cheia de fome:)
- Acho que...
(Mamãe, antes que eu concluísse:)
- Preciso ir ao mercado. Essa é a última fatia.
(Eu, meio no automático:)
- ... é muito. Bota só a metade.
(Mamãe, recolhendo a mesa:)
- Ih! Esqueci de comer a última metade... Toma, come isso pra eu limpar logo a mesa.
(Eu? Comi e sorri. Não necessariamente nessa ordem).
14 junho 2009
07 junho 2009
Fino paladar.
“Lembrei-me de ti, quando beijara teu rosto de homem, devagar, devagar beijara, e quando chegara o momento de beijar teus olhos – lembrei-me de que então eu havia sentido o sal na minha boca, e que o sal das lágrimas nos teus olhos era o meu amor por ti. Mas, o que mais me havia ligado em susto de amor, fora, no fundo do fundo do sal, tua substância insossa e inocente e infantil: ao meu beijo tua vida mais profundamente insípida me era dada, e beijar teu rosto era insosso e ocupado trabalho paciente de amor, era mulher tecendo um homem, assim como me havias tecido, neutro artesanato de vida”.
Clarice Lispector, em "A paixão segundo G.H.", p.89, ed.Rocco.
Clarice Lispector, em "A paixão segundo G.H.", p.89, ed.Rocco.
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